12 de fev. de 2016

EL 5 - Sem saber, é um sinal





Segunda-Feira 14h20

Meu dia já tinha a começado e terminado o horário escolar.  A melhor parte disso tudo seria minha aula de dança logo em seguida. Minha roupa estava posta no meu armário e assim que peguei fui até o banheiro de fora me trocar, estava bem ansiosa pois tinha treinado os passos e criados outros, por conta própria. Fui tirando minha roupa ouvindo várias meninas cochicharem entre si sobre um garoto que estaria estrelando na escola, algo que não podia passar despercebido pelo tom que usaram. 

- Ele tem tudo de lindo e não pega nenhuma das meninas. Desde o primeiro ano -todas gritaram- Parem de escândalo, ele deve comer quieto. 

Revirei os olhos por tal comentário e terminei de me trocar. Saí do banheiro e os olhares foram fortes em mim, fingi não observar aquela cena e sai dali em minutos. Peguei o caminho mais rápido para chegar a tempo do aquecimento.

Fui pensando no caminho sobre as coisas boas que estavam acontecendo. Pelo menos nós últimos dias eu não fiquei magoada ou chateada com alguma situação. Estava dispersa olhando onde eu pisava que sem motivo algum eu tropecei, meu celular foi ao chão saindo da mochila. 

- Droga! -abaixei vendo a tela do meu celular intacta- Obrigada! Aí !
A tela estava intacta e por sorte minha capa tinha protegido. Acelerei meu passo chegando na academia e indo direto ao salão dali. A Professora me deu um sorriso e pediu com o dedo que me aproximasse ao lado dela.
- Vamos fazer o contratempo e  você me segue na sequencia

Assim foi, ela fez o contratempo e então ela fez dois passos do break que sabia parando. O incrível era que todas pareciam estar ligadas aos passos e fizeram certinho, mesmo não sabendo a coreografia.

- Então meninas e meninos. Tô com uma coreografia desta música -ela se aproxima do som e solta a música- Vamos começar com um pouco do balé, mas relaxem que não vai ter que fazer o espacate. Nem todas fizeram e estamos no break. Mas vamos ser as bailarinas com o uso do nosso corpo ao máximo solto e leve.

Eu adorava o jeito que ela criava suas coreografias, movimentar o corpo era uma das coisas que eu mais amava. 

- Vamos dividir, Kaique sabe a coreografia e explicara aos meninos. Eu vou explicar nossa parte. Então vamos ao trabalho. 

Em questão de segundos todos se dividiram e começamos a decorar cada parte da coreografia. Eram passos leves porém rápidos. 

Foram apenas 1 hora para decorar e era hora de colocar em pratica o que sabíamos até a parte em que juntamos. 

- Vou colocar a música e vamos nesta posição. -Ela apertou no botão e a música começou a tocar-

Ela aumentou o máximo que não conseguimos ouvir nada além das batidas em sequencia da coreografia. Meu corpo se movimentava de tal forma que parecia algo automático, não fazia esforço para lembrar dos próximos movimentos. Apenas fazia sem medo. 

Kaique com os meninos entraram fazendo os passos no chão e outros em pé dando sinal para que as meninas voltassem e ambos dançando igualmente.

- Ótimo pessoal! -todos bateram palmas- Por hoje vamos ficar com isso, a música vai estar no e-mail e treinem bem. Até a próxima aula com outra coreografia.

Mesmo com todo suor eu pude aproveitar a melhor parte do meu dia hoje. Peguei minhas coisas e sai da sala indo para o bebedouro. 

- Você dançou muito bem...
- Lis -eu dei meu sorriso- e o seu ?
- Jane. 

Jane tinha os cabelos ruivos e seu corpo era de fazer inveja a qualquer garota. 

- Você já tinha feito aula em algum lugar ? 
- Não, mas eu sempre danço em casa. Assim, do nada mesmo. -nós duas rimos descendo as escadas- 
- Você mora por aqui ? 
- Sim, é algumas quadras daqui. -nós atravessamos a rua indo para o ponto- e você ?
- Eu moro um pouco mais longe, é 15 minutos de ônibus. Alias, ele está vindo. Vou correr para pega-lo -ela deu um beijo na bochecha e me abraçou- foi ótimo te conhecer, até a próxima.
- Tchau -acenei para ela e logo um carro parou em minha frente já com o vidro abaixado- 
- Entra logo filha -ele abriu a porta e entrei- 
- Como sabia que iria sair está hora ?
- Eu fiquei esperando você, aliás quem é aquele garoto que tava te olhando ? 
Eu virei olhando o tal garoto, ele observava o carro. Automaticamente eu o reconheci, era o garoto da festa. Justin. 
- Um colega apenas -eu sorri por dentro, colocando o cinto soltei meu sorriso de lado-
- Espero mesmo -ele acelerou dando a partida- Sua mãe está de folga hoje e vamos jantar fora. 
- Tudo ótimo.
- Não tem planos para hoje ? -ele me olhou por alguns segundos e voltou a olhar a rua-
- Não, eu só tinha aula de dança. 
- Que íncrivel, então podemos ir no seu restaurante preferido. 

O olhei e senti meus olhos se encherem de brilho. Era o dia mais gostoso da minha vida, eu ir comer onde minha infância eu vivia. 

- Vai tomar um banho e fazer deveres, se tiver. Eu vou levar para o lava rápido, ele precisa de um banho urgente -ele estacionou e eu sai- 
- Beleza pai. Até mais tarde 

Assim que entrei em casa tive uma visão que não achei que veria tão cedo. Minha mãe estava ouvindo músicas de discoteca. Eu senti um cheiro maravilhoso de brownie vindo da cozinha, meus olhos arregalaram fechando a porta e correndo para a cozinha. Ela estava de frente para a torneira dançando e cantando. 

- Mãe ? -eu gritei e ela automaticamente se virou-
- Filha, como foi na aula ?
- Foi... foi bem -eu ainda não tinha me acostumado- você fez os brownies ?
- Sim, eu queria preparar algo e você sabe que brownie é uma das minhas experiencias. 
- Posso pegar um ? -eu perguntei mais a mãe que eu conheço voltou-
- Não, você vai tomar um banho e depois vamos comer. Vou deixar esfriando. 

Logo seu sorriso voltou com um riso gostoso de se ouvir. Eu dei alguns passos retribuindo o sorriso e virando para a sala, subindo para meu quarto.

[...]
- Vamos logo Lissa! 
- Calma, estou descendo. -eu odiava o fato de usar salto, mas naquele momento eu tava com pouca preocupação a isso- Vocês, estão lindos. 

Os dois estavam abraçados me olhando descer, minha mãe estava com um vestido pouco florido até o joelho com um salto cor da pele enquanto meu pai estava com sua blusa de manga cumprida branca, calça e seu sapato que ele costuma dizer que só usa em ocasiões especiais. 

Saímos de casa e já podia se ver a lua linda no céu. Poucas nuvens faziam algumas estrelas nos dar oi. Entramos no carro e  meu pai já deu a partida colocando uma música no rádio. O locutor da rádio falava algo sobre o tempo que estava, logo apos começou uma música. A música na qual eu menos esperava ouvir, Hunter da Sandra Van Niewland. Era o tipo de música que todo passeio se torna alegre, era uma música mais puxada para o country. Meus pais adoravam. 

O restaurante ficava um pouco distante de onde morávamos e se localizava mais para o centro. Ver todas luzes, os carros e inclusive as pessoas andando por ali era encantador. Minha vida era a cidade, campo me encantava também mas cidade é algo bem gostoso de se ver. 

Assim que chegamos já tinha reserva da mesa, nosso sobrenome estava na mesa. Eu me sentia  a pessoa mais importante e então todos se sentaram.

- Que saudade deste lugar 

Ele havia mudado, se tornado muito mais chique e careiro do que antes. As luzes eram mais escuras e trazia um ar mais sofisticado ao local. Eu espero que a comida não tenha mudado. Logo o garçom chegou a mesa com um bloco já com a caneta preparada.

- O que vão pedir por gentileza ?
- Eu quero o prato da casa e um suco de laranja natural em gelo e com açúcar -pedi sem olhar no cardápio enquanto meus pais escolhiam-
- Vou querer o macarrão especial que está aqui junto com um bom vinho Italiano -minha mãe se pronunciou fechando o cardápio-
- Vou querer sua melhor carne com o acompanhamento do mesmo vinho que minha esposa por gentileza. 

Cada um tinha sua comida de preferencia, seu gosto em bebida. Por este motivo o que eu havia pedido era a mistura dos dois e um pouco mais. Olhei ao redor de onde estava e quase todas as mesas estavam ocupadas, ambos comendo e outros a espera de seu pedido. As pessoas estavam bem arrumadas e riam como crianças, em família ou em casal. Senti um aperto em minha barriga e levantei da mesa.

- Vou ao banheiro, já volto. 

Sai da mesa andando em direção ao banheiro, eu estava super apertada. Algo que eu menos esperava sentir quando chegasse no restaurante. Entrei no banheiro já para fazer minha necessidade. Assim que sai me olhei no espelho, estava com meu olho borrado e então dei uma arrumada. 

Foram poucos minutos e sai do banheiro dando de cara com o restaurante mais cheio. Passei algumas mesas sentando na minha, senti algo estranho, como se fosse olhares porém não me esforcei para observar quando vi que nosso pedido estava chegando a mesa.

- Boa apetite! 
- Obrigada -nós três agradecemos e já pegamos os talheres-

Olhar meu prato me dava dó de comer, a estética além de tudo me fazia idealizar o sabor da carne acompanhada com a melhor massa deste universo. A salada fazia quebrar total quentura, e refrescando junto ao suco natural. Iria sair realizada daquele restaurante.

- Ainda tem o melhor sabor do universo. -eu com olhos fechados falava- eu espero que o hambúrguer ainda continue grande por aqui -abri e nós rimos já voltando a comer-

Eu limpei minha boca e por um som estranho olhei ao redor discretamente, vi que alguém estava no mesmo local que eu novamente. Ele tinha os olhos arregalados a mesa com seu copo derramado, o garçom limpava. Ele desviou o olhar para mim e por alguns segundos depois eu desviei. Meu estomago naquela hora embrulhou, senti um frio pelo corpo e sem parar de pensar na cena que ocorreu segundos atrás. 

- Mas que diabos ...! -eu falei alto fazendo meus pais me olharem- Desculpe!
- Você está bem filha ? -meu pai me perguntou limpando sua boca- você viu alguma coisa ?
- Não, eu só senti o ... gosto da salada que está muito boa! Ta muito refrescante 

Peguei um pedaço da salada comendo e tentando disfarçar o nervosismo que estava, agora o motivo eu estava desconhecendo. Aqueles olhos cor de mel que havia visto na festa não saia da minha cabeça, estava quase impossível de ficar parada tentando disfarçar por ser observada a todo momento. 

Ele está me seguindo ? Como ele está aqui ? Ele estava na academia e agora aqui ? Senhor, me ajuda. Eu vou ter um treco a qualquer momento. 

Por um momento meu coração começou a acelerar e senti um vento passar por mim, era ele que molhado na manga foi para o banheiro. Tomei meu suco e parei para respirar. É um sinal ? eu estaria tendo todos esses efeitos por quê? 

Justin P.O.V 

Eu tinha feito a melhor escolha de restaurante com minha mãe da vida. Eu estava prestes a entrar no restaurante quando vejo a garota da festa novamente, seu rosto era bem lembrado por mim. Seu nome era Lissa e ela estava magnifica, eu a observava de longe. Minha mãe falava do restaurante, sobre a comida e quando veio com meu pai aqui. Eu acabei olhando tanto para a mesa dela que sem perceber ao pegar o copo com suco meu braço passou reto derrubando tudo. O barulho ecoou no restaurante e metade dos olhares foi para mim, minha manga encharcou na hora e desviei meu olhar para mesa dela e a vi olhando para mim. Eu já senti meu rosto se transformar no sorriso, como aquelas bolachas com carinhas.

Levantei indo direto para o banheiro limpar a manga passando pela mesa dela, sem olhar e nem demonstrar qualquer feição. 

Ao chegar no banheiro tentei ao máximo esfregar a manga com a aguá. Mas nada acontecia, a cor do suco de morango não saia. Só piorava, então eu me olhei no espelho pensando em alguma maneira de pelo menos disfarçar a mancha. Peguei minha manga dobrando, fiz o mesmo com a outra até aparecer a parte branca. Estava bem visível a mancha mas desta forma eu consegui disfarçar. 

Sai do banheiro depois de longos minutos e Lissa já se preparava para se levantar da mesa. Meu coração começou a acelerar, era algo que não acontecia comigo a muito tempo,sentir esses efeitos. Com toda calma ela se levantou e eu me aproximei dela para cumprimenta-la.

- Olá lissa -dei um beijo em sua bochecha- 
- Olá... Justin -ela sorriu sem graça e dei um oi para os pais dela- 
Já me virei voltando a minha mesa com a melhor sensação, de alivio. Vi ela seguindo até a saída do restaurante e mesmo que eu ainda estava a olhando, percebi que, ela olhou por alguns segundos para mim do outro lado da rua.
- Justin! -recebi um cutuque-
- OI -voltei meu olhar a minha mãe-
- Você está bem? ficou olhando estranho para aquela moça - minha mãe tinha que saber que sobre garotas é meio complicado conversar com ela-
- Estou ótimo mãe, vamos pedir a sobremesa ?
- Você quem sabe, eu quero petit gateu -ela disse colocando sobre a mesa o guardanapo-
- Garçom -levantei minha mão acenando e logo ele veio até a mesa- Dois petit gateu por gentileza
- Trago em alguns minutos -ele anotou em sua cardeneta e se virou indo até o fundo do restaurante-
[...]

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